quarta-feira, 26 de abril de 2017

Disputa pelo ouro negro


Apresentando característica inflamável e tonalidade escura, o petróleo é a fonte energética mais consumida universalmente e que corresponde a 34,3% das energias primarias, segundo dados de 2007 da IEA (International Energy Agency). Portanto, é inevitável que a riqueza que o petróleo gera, desencadeie grandes disputas, até mesmo guerras acirradas, que contam com a participação de potências mundiais que dependem dessa fonte não renovável, como também, de potências que possuem essa fonte não renovável em ampla escala em seu território – ambas demonstram o intuito de desenvolvimento de seus Estados garantindo uma grande escala econômica, matéria-prima e inovadoras tecnologias.
Primordialmente, o petróleo só despertou o interesse na primeira metade do século passado, com foco na localidade do Golfo Pérsico e da África, tais que sofreram investidas, principalmente dos estadunidenses e europeus. Consequentemente, ocorre uma interferência direta nas relações geopolíticas dos países envolvidos. E desde então os conflitos que surgiram contaram com a ação (direta ou indireta) dos interessados na fortuna oriunda da enorme quantidade de barris de petróleo que poderiam ser comercializados. Alguns exemplos:
  • 2ª Guerra Mundial: ataque alemão a Azerbaijão, região pertencente da URSS, que acabou com a derrota dos alemães; Pearl Harbor, base militar estadunidense, é inesperadamente bombardeada pelos japoneses, que entre os motivos para o ataque era a exportação restringida de petróleo pelo seu fornecedor, os EUA.
"Invasão alemã ao Azerbaijão" Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151203_conflitos_mundiais_petroleo_lgb_gch



  • 1ª Guerra do Golfo: início em 1991, com a invasão do Kuwait a mando de Saddam Hussein para obter o poder do local e anexa-lo ao comando iraquiano. Entretanto, o Estados Unidos participou em apoio ao Kuwait.
"Invasão do Kuwait" Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151203_conflitos_mundiais_petroleo_lgb_gch



  • Conflito no Iraque e na Síria: a atual e violenta batalha que assola o Oriente Médio tem em um de seus objetivos a vontade do Estado Islâmico (grupo terrorista) de portar o poder sobre as reservas petrolíferas, porém, há também uma manifestação da Rússia e Estados Unidos, além da Turquia. O envolvimento desses países se estabelecem de maneira oposicionista e de apoio, o governo russo apoia o ditador Bassar al-Assad, os Estados Unidos juntamente com a Turquia se opõem ao ditador, porém, todos combatem em comum os extremistas do Estado Islâmico. Estima-se que, até agora, mais de 470 mil pessoas morreram, o que corresponderia a um número que ultrapassaria 11% da população total síria.
Ataques de autoria russa acontece em regiões da Síria e Iraque. Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151203_conflitos_mundiais_petroleo_lgb_gch 


Cena do bombardeio em bairro de Aleppo, cidade síria. Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/02/numero-de-mortos-em-guerra-civil-na-siria-chega-a-470-mil-diz-jornal-20160211100505516954.html




RESERVAS PETROLÍFERAS

As produções de petróleo são calculadas anualmente pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), por consequência, são divulgados os relatórios com os dados da participação de cada país. Em 2016, a OPEP divulgou os dados correspondentes ao ano de 2015, no qual traz a lista com os países com “Reservas Comprovadas de Petróleo Bruto”, sendo respectivamente do maior para o menor, Venezuela, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Líbia, Nigéria, Qatar, Argélia, Angola, Equador, Indonésia e Gabão. Entretanto, mesmo a Venezuela garantindo o primeiro lugar, o país não se encontra em boa situação devido à má administração política que aplicou uma grande quantidade em dinheiro na nacionalização petróleo e depende de uma margem maior que 90% das exportações petrolíferas, ou seja, com o preço do barril em baixa, o resultado para o país agrava ainda mais, e consequentemente preconiza a vida dos cidadãos venezuelanos, que dependem da importação da maioria das outras mercadorias.
A crise mundial do petróleo atingiu todos os países produtores de petróleo, inclusive o Brasil. Além da baixa do valor do barril, o Brasil enfrenta uma grande crise política envolvendo a estatal Petrobras que está envolvida em tantos escândalos e tantas novas descobertas de corrupção. A empresa brasileira que um dia já teve seu auge consagrado há nove anos atrás no ranking referente as do continente Americano, alcançando o pódio em 2º lugar, todavia, em seus dias atuais não chega no top 100. Uma vez em que a descoberta do Pré-Sal, presente no território brasileiro, significasse uma grande oportunidade do país elevar seu patamar, chegando a um que lhe oferecesse um bom reconhecimento mundial, de acordo com a enorme quantidade de barris de petróleo em reserva, sendo estimado a quantidade de 87 bilhões de barris, – dados exibidos na comprovação da existência do pré-sal, em 2007. Dessa forma, o resultado será um vantajoso desenvolvimento econômico-social do país. Entretanto, pode ser considerado a posição de dependência em relação a descoberta dessa reserva, por conta do foco no investimento de enorme escala na área petrolífera – tomamos a Venezuela como exemplo. A empresa que já custou mais de R$ 500 bilhões, até o ano de 2016, custava cerca de R$ 73,7 bilhões. Além do amplo corte no número de funcionários, para custear a sua dívida, a empresa pôs à venda negócios que estavam sob seu controle a empresas privadas, sendo levantado um valor de R$ 13 bilhões no período de 2015/2016. Entretanto, há um interesse muito grande na BR Distribuidora, o maior ativo da empresa. O esquema de corrupção em que a Petrobras está envolvida, foi divulgado publicamente através da Lava Jato – um dos maiores esquemas brasileiro de corrupção. Mesmo com a onda de pessimismo que assola os empreendimentos da Petrobras, no último relatório divulgado pela OPEP, em 2016, referente ao ano de 2015, o Brasil ocupou o segundo lugar na tabela representativa das maiores reservas de petróleo bruto na América Latina.
Gráficos com os países com maiores reservas de petróleo, em 2015. Fonte: http://www.opec.org/opec_web/en/data_graphs/330.htm 

Fragmento da tebela que divulga as reservas de petróleo bruto em seus respectivos continentes. Brasil aparece em segundo lugar na América Latinha, em 2015. Fonte: http://www.opec.org/opec_web/static_files_project/media/downloads/publications/ASB2016_Section3.pdf


Autora: Laura Brandão Silva


REFERÊNCIAS:

TERRA. "Petróleo é bênção e maldição para Venezuela". Terra. Disponível em <https://noticias.terra.com.br/petroleo-e-bencao-e-maldicao-para-venezuela,2331c05fa1a8932ecae8f64390250d8cwxgp1rqm.html>. Acesso em 21 de abril de 2017.
REDAÇÃO PRAGMATISMO. "As maiores reservas de petróleo do mundo". Pragmatismo Político. Disponível em <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/02/maiores-reservas-de-petroleo-mundo.html>. Acesso em 21 de abril de 2017.
FUSER, Igor. "Um conflito mundial pela energia". Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Disponível em <http://www.mabnacional.org.br/noticia/um-conflito-mundial-pela-energia-artigo-igor-fuser>. Acesso em 21 de abril de 2017.
FALCO, Alessandra de. "Petróleo :fontes de violência". Superinteressante. Disponível em <http://super.abril.com.br/historia/petroleo-fontes-de-violencia/>. Acesso em 21 de abril de 2017.
BBC. "Os conflitos alimentados pela disputa por petróleo no mundo". BBC. Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151203_conflitos_mundiais_petroleo_lgb_gch#orb-banner>. Acesso em 21 de abril de 2017.
PENA, Rodolfo F. Alves. "Golfo Pérsico". Alunos Online.  Disponível em <http://alunosonline.uol.com.br/geografia/golfo-persico.html>. Acesso em 21 de abril de 2017.
BARROS, Bruno Vieira de. "A matriz energética mundial e a competitividade nas nações: bases de uma nova geopolítica". Disponível em <http://www.uff.br/engevista/9_1Engevista5.pdf>. Acesso em 22 de abril de 2017.
G1. "Número de mortos em guerra civil na Síria chega a 470 mil, diz jornal". G1. Disponível em <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/02/numero-de-mortos-em-guerra-civil-na-siria-chega-a-470-mil-diz-jornal-20160211100505516954.html>. Acesso em 22 de abril de 2017.
NEW YORK TIMES. "Saiba qual o papel que EUA, Rússia, Turquia, Irã e Arábia Saudita desempenham no conflito sírio". Folha de S. Paulo. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/10/1688852-saiba-qual-o-papel-que-eua-russia-turquia-ira-e-arabia-saudita-desempenham-no-conflito-sirio.shtml>. Acesso em 22 de abril de 2017.
G1. "Veja o que a Petrobras já vendeu e quer vender até 2018". G1. Disponível em <http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/09/veja-o-que-petrobras-ja-vendeu-e-quer-vender-ate-2018.html>. Acesso em 23 de abril de 2017.
EDITORIAL. "Situação da Petrobras é agravada pela geopolítica". O Globo. Disponível em <http://oglobo.globo.com/opiniao/situacao-da-petrobras-agravada-pela-geopolitica-18508268>. Acesso em 23 de abril de 2017.
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COSTAS, Ruth. "Escândalo da Petrobras 'engoliu 2,5% da economia em 2015'". BBC Brasil. Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151201_lavajato_ru>. Acesso em 23 de abril de 2017.
LIMA, Renan P. D. S.."Pré-sal: expansão da fronteira petrolífera do Brasil". Educação. Disponível em <http://educacao.globo.com/geografia/assunto/atualidades/pre-sal-expansao-da-fronteira-petrolifera-do-brasil.html>. Acesso em 23 de abril de 2017.
G1. "Petrobras despenca em ranking das maiores empresas das Américas". G1. Disponível em <http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2016/01/petrobras-despenca-em-ranking-das-maiores-das-empresas-das-americas.html>. Acesso em 23 de abril de 2017.
MAGALHÃES, Aline S.; DOMINGUES, Edson P.. "Benção ou maldição:  impactos do pré-sal na indústria brasileira". Disponível em http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_18/2012/04/14/241/20121211181544564283a.pdf>. Acesso em 23 de abril de 2017.
WELLE, Deustche. "Queda do petróleo leva Venezuela à beira do colapso". Carta Capital. Disponível em <https://www.cartacapital.com.br/internacional/queda-do-petroleo-leva-venezuela-a-beira-do-colapso-741.html>. Acesso em 23 de abril de 2017.

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